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sexta-feira, 9 de março de 2018

Sou tu

Sou Tu De desejar-te, imaginei-me tu. Sem perder consciência do meu arfar por ti, Percorro-me inquirindo-te em todo mim, Vejo-me toco-me porque sou todo tu, e amo-me em ti que me dás forma e vazas de mim em mim. Se de fechados olhos me contemplo, sou um, e perco-me na visão de um mar de que sou a água, E, flor (flor de tuas pétalas composta) arrasto-me entre (e sou) teus pés e sonho-te de dentro para fora e dos teus próprios olhos Olho para a tua vária escuridão e adivinho-te clara e toda, ó obscura!, E sei-te pedra por pedra: pedraria sem cor e de todas as cores. Então eu não sou eu; sou eu pretérito no teu presente: sou ou sob os mil e mil disfarces do teu prodígio: Sou tu imaginadamente. Sou dois quando te olho sem olhos: Sou o teu espelho que te vê, e sinto-me e vejo-me fora e dentro de ti, meu sujeito e meu objeto, Contempla-te minha adoração e em ti estou, em ti circulo, em ti fendo-me em nítida púrpura; Sou tua sede, minha fome, teu trigo, dupla fonte, lábios e língua, dente e seio, ventre e ventre, incubo e súcubo. Sou dois, e posso ver-me incendiado em teu vinhedo de chamas, Que sinto enrolar-me e pesar em mim com seu fogo de veludo e ferro Marcia Eli @Direitos Reservados T 5863949 recordação 2008

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